Umbuzeiro ou Imbuzeiro é uma árvore de pequeno porte (mede até seis metros de altura) de copa larga (até quinze metros de largura) originária dos chapadões semi-áridos do Nordeste brasileiro, que se destaca por sombra e aconchego. Nos tempos do Brasil Colônia era chamado de ambu, imbu, ombu, corruptelas da palavra tupi-guarani "y-mb-u", que significava "árvore-que-dá-de-beber" (embora haja a possibilidade de que seja, de fato, uma palavra de origem Kariri).
Dada a importância de suas raízes, foi chamada "árvore sagrada do Sertão" por Euclides da Cunha. Sua raiz conserva água e produz uma batata, que em época de grande estiagem, é utilizada como alimento. O Umbuzeiro vive mais ou menos 100 anos, e é um símbolo de resistência. A partir de projetos de beneficiamento do umbu em mini-fábricas do sertão baiano, essa fruta passou a ter importância na geração de renda e organização das comunidades rurais daquela região.
Suas folhas, de grande valor alimentício, com gosto "azedinho", também são usadas como alimento pelos seres humanos. Nas regiões do Agreste (Piauí), Cariris (Paraíba), Caatinga (Pernambuco e Bahia) a planta encontrou boas condições para seu desenvolvimento encontrando-se, em maior número, nos Cariris Velhos, seguindo desde o Piauí à Bahia e até norte de Minas Gerais.
Umbu - O Fruto do Umbuzeiro
Fruto muito apreciado e consumido, tanto pelo homem como pela fauna, o umbu possui um caroço revestido por uma suculenta polpa e, na superfície, por uma película esverdeada, tendendo, à medida que amadurece, para a cor amarela. O umbu tem, em média, de três a quatro centímetros de diâmetro.
Muito rico em vitamina C e com característico sabor azedinho, o umbu, além de ser consumido ao natural, é utilizado em preparos culinários, como sorvetes, geléias, doces e umbuzada, iguaria preparada com leite e açúcar, muito apreciada no nordeste. Seu peso varia entre 10-20 gramas, possui forma arredondada a ovalada, é constituído por 22% de casca, 68% de polpa e 10% de caroço.
Sua polpa é quase aquosa quando madura. Semente arredondada a ovalada, peso de 1 a 2,0 gramas e 1,2 a 2,4cm de diâmetro, quando despolpada. O fruto é muito perecível.
100 gramas de polpa do fruto contém:
- 44 calorias
- 0,6 g de proteína
- 20 mg de cálcio,
- 14 mg de fósforo
- 2 mg de ferro
- 30 mg de vitamina A
- 33 mg de vitamina C
- 0,04 mg de vitamina B1
Características do Umbuzeiro
Suas raízes superficiais exploram 1m de profundidade, possuem um órgão (estrutura) - túbera ou batata - conhecida como xilopódio que é constituído de tecido lacunoso que armazena água, mucilagem, glicose, tanino, amido, ácidos, entre outras. O caule, com casca cor cinza, tem ramos novos lisos e ramos velhos com ritidomas (casca externa morta que se destaca); as folhas são verdes, alternas, compostas, imparipenadas, as flores são brancas, perfumadas, melíficas, agrupadas em panícula de 10-15cm de comprimento.
O umbuzeiro perde totalmente as folhas durante a época seca e reveste-se de folhas após as primeiras chuvas. A floração, pode iniciar-se após as primeiras chuvas independentemente da planta estar ou não enfolhada; a abertura das flores dá-se entre 0 hora e quatro horas (com pico as 2 horas).
60 dias após a abertura da flor o fruto estará maduro. A frutificação inicia-se em período chuvoso e permanece por 60 dias. A sobrevivência do umbuzeiro, através de tantos períodos secos, deve-se à existência dos xilopódios que armazenam reservas que nutrem a planta em períodos críticos de água.
O umbuzeiro cresce em estado nativo, nas caatingas elevadas de ar seco, de dias ensolarados, e noites frescas. Requer clima quente, temperatura entre 12ºC e 38ºC, umidade relativa do ar entre 30% e 90%, insolação com 2.000-3.000 horas/luz/ano e 400mm a 800mm de chuva (entre novembro e fevereiro), podendo viver em locais com chuvas de 1.600 mm/ano.
Vegeta bem em solos não úmidos, profundos, bem drenados, que podem ser arenosos e silico-argilosos. Evitar plantio em solos que estejam sujeitos ao encharcamento.
Propagação / Obtenção de Mudas
A propagação do umbuzeiro pode ser feita através da semente, de estacas de ramo ou de enxertia. Para a obtenção de pomares uniformes e com indivíduos com características de plantas com produção e qualidade do fruto sugere-se a obtenção via enxertia.
Produção de mudas via sementes:
As sementes devem ser provenientes de frutos de plantas vigorosas, sadias e de boa produção; os caroços devem ser originários de frutos com casca lisa, forma arredondada e sadios. O caroço (semente) se possível despolpado, deve ter de 2,0 a 2,4cm de diâmetro; para quebrar a dormência da semente deve-se efetuar um corte em bisel na parte distal do caroço (oposta ao pedúnculo do fruto) para facilitar a emergência da plantinha.
O recipiente a receber a semente pode ser saco de polietileno ou outro com dimensão de 40cm x 25cm, que possa receber 5kg de mistura de barro com esterco de curral curtido na proporção 3:1. Três a quatro caroços são colocados no recipiente a 3-4cm de profundidade; a germinação dá-se entre 12 e 90 dias (de ordinário em 40 dias), podendo-se obter até 70% de germinação.
Efetuar desbaste com plantinhas com 5cm de altura. Muda apta ao campo com 25-30cm de altura.
Produção de mudas via estacas de ramos:
Estacas do interior da copa da planta, são colhidas entre os meses de maio e agosto; devem ter 3,5 de diâmetro e comprimento entre 25cm e 40cm. As estacas são postas a enraizar (brotar) em leitos de areia fina ou limo, enterradas em 2/3 do seu comprimento, em posição inclinada; a estaca também pode ser enterrada no local definitivo de plantio.
Produção de mudas via enxertia:
Método em experimentação/observação; trabalhos do IPA (Pernambuco) asseguram êxito na obtenção da muda por enxertia via método janela aberta; a EMBRAPA/CPATSA obteve 75% de "pega" em enxertos de garfos de umbuzeiro sobre cajazeira (Spondias lutea). Não há registros de frutificação/produção de frutos dos enxertos.
Plantio do Umbuzeiro
Para o espaçamento sugere-se:
- 10m x 10m (100 plantas/ha)
- 12m x 12m (69 plantas/ha)
- 16m x 16m (39 plantas/ha em terrenos férteis)
As covas devem ter dimensões de 40cm x 40cm x 40cm ou 50cm x 50cm x 50cm segundo textura do terreno. Ao abrir a cova separar terra dos primeiros 15-20cm; sugere-se adubação de cova com 20 litros de esterco de curral curtido, 300 gramas de superfosfato simples e 100 gramas de cloreto de potássio misturados a terra de superfície e colocadas no fundo da cova 30 dias antes do plantio.
No plantio retirar recipiente que envolve o torrão da muda e irrigar a cova com 20 litros de água. O plantio deverá ser feito no início das chuvas.
Tratos Culturais
Manter o umbuzeiro livre da concorrência de ervas nos primeiros 5 anos; efetuar capina em coroamento em torno da planta e roçagem em ruas e entre plantas nas chuvas. Podar galhos secos, doentes e mal colocados (que se dirijam de fora para dentro da copa) antes do início da estação chuvosa. Sugere-se adubar em cobertura com leve incorporação, 30 dias após plantio, a 20cm do pé da planta, com 50g de uréia e 30g de cloreto de potássio; no final das chuvas aplicar a mesma dose.
No 2º ano adubar em cobertura com incorporação no início das chuvas, com 60g de uréia, 200g de superfosfato simples e 40g de cloreto de potássio, por planta.
Pragas e Doenças
Pragas: a cochonilha escama-farinha ataca ramos finos e frutos; o cupim escava galerias no caule; a lagarta-de-fogo e patriota atacam as folhas e a abelha-erapuá ataca os frutos. Ainda cita-se o ataque de mosca branca e mané-magro. Para controle químico das pragas indica-se produtos a base de malatiom (Malatol 50 E) óleo mineral, triclorfom (Dipterex 50) e carbaryl (Carvim 85 M, Sevin 80).
Doenças: as doenças afetam os frutos do umbuzeiro; os agentes são fungos causadores da verrugose-dos-frutos e septoriose.
Colheita / Rendimento
O pé franco do umbuzeiro inicia produção a partir do 8º ano de vida. A maturação do fruto é observada quando a cor da sua casca passa do verde ao amarelo. Maduro o fruto cai ao chão, sem danificar-se; deve-se preferir frutos arredondados e com casca lisa. Para consumo imediato o fruto é colhido maduro; para transportar colher o fruto "de vez".
Cada planta pode produzir 300kg de frutos/safra (15.000 frutos). Um hectare com 100 plantas, produziria 30 toneladas. O umbu é considerado produto vegetal de extração (não cultivado), coletado em árvores que crescem espontaneamente. Em 1988 a produção brasileira foi de 19.027t e da Bahia 16.926t.
As regiões econômicas do Baixo Médio São Francisco, Nordeste e Sudoeste são importantes produtoras de umbu na Bahia.
Utilidades do Umbuzeiro
Vários órgãos da planta são úteis ao homem e aos animais:
- Raiz
Batata, túbera ou xilopódio é sumarenta, de sabor doce, agradável e comestível; sacia a fome do sertanejo na época seca. Também é conhecida pelos nomes de batata-do-umbu, cafofa e cunca; criminosamente é arrancada e transformada em doce - doce-de-cafofa. A água da batata é utilizada em medicina caseira como vermífugo e antidiarréica. Ainda, da raiz seca, extrai-se farinha comestível.
- Folhas
Verdes e frescas, são consumidas por animais domésticos (bovinos, caprinos, ovinos) e por animais silvestres (veados, cagados, outros); ainda frescas ou refogadas compõem saladas utilizadas na alimentação do homem.
- Fruto
O umbu ou imbu é sumarento, agridoce e quando maduro, sua polpa é quase líquida. É consumido ao natural fresco - chupado quando maduro ou comido quando "de vez" - ou ao natural sob forma de refrescos, sucos, sorvete, misturado a bebida (em batidas) ou misturado ao leite (em umbuzadas).
Industrializado o fruto apresenta-se sob forma de sucos engarrafados, de doces, de geléias, de vinho, de vinagre, de acetona, de concentrado para sorvete, polpa para sucos, ameixa (fruto seco ao sol). O fruto fresco ainda é forragem para animais. A industrialização caseira do umbu sugere os seguintes produtos:
Fruto maduro: polpa para suco integral, casca para obtenção de pasta, casca desidratadas (ao sol ou forno) e moídas para preparo de refrescos, xarope
Fruto "de vez" (inchado) ou verde: umbuzadas, pasta concentrada, compota
Fruto verde (figa): umbuzeitona, doce de umbu
Casca do caule: remédio
Folhas: salada da folha verde e salada refogada da folha.
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