O advento do movimento musical, e também cultural, denominado rock and roll ocorreu nos Estados Unidos, durante o período compreendido entre o fim da década de 1940 e começo dos anos 50. De maneira resumida, explica-se a construção definitiva da música rock a partir da fusão promovida entre gêneros musicais afro-americanos e a música tradicional branca.
O primeiro roqueiro brasileiro
Não foi Raul Seixas, o maluco beleza; nem Roberto Carlos, com o respaldo da turma da Jovem Guarda; nem foram Os Mutantes, que ajudaram a capitanear a Tropicália; nem a galera do BRock, que o pessoal dos anos 80; e muito menos o já saudoso Chorão, que revolucionou o rock nacional na década de 90. É do cantor Cauby Peixoto o mérito e a honra de ser primeiro ‘cara’ a gravar rock no Brasil.
A música brasileira popular conhece o rock and roll praticamente desde a sua popularização, durante o fim da década de 1950, graças ao sucesso de Elvis Presley. Em 1957, Cauby Peixoto gravou a canção “Rock and Roll em Copacabana”, que é considerada o primeiro tema Rock gravado por um brasileiro e cantando em português.
Dois anos antes, a cantora Nora Ney registrou com sua voz uma versão da música “Rock Around The Clock”, de Bill Halley & His Coments, para a trilha sonora do filme “Sementes da Violência”, de Richard Brooks.
Cauby Peixoto é o primeiro roqueiro brasileiro, amigo leitor!
Flerte entre a bossa nova e o rock and roll
Sim! Existe e não se dá apenas pelo uso do violão ou melodias acústicas! Houve uma época em que a bossa nova e rock transitavam de igual para igual entre a juventude brasileira. Ambos os estilos faziam letras que falavam de praia, paquera e assuntos ligados ao cotidiano jovem. Somente a partir de 1964 é que os estilos se distanciam. A bossa começou a seguir a tendência politizada e o rock mergulhou no nonsense capitaneado pela jovem guarda. Atualmente o rock continua sendo música jovem, mas a bossa perdeu um pouco do espaço entre a juventude.
A “Era Dourada” do rock nacional
A década de 1980 trouxe consigo a esperança da extinção do Regime Militar. A situação para os artistas e para a população tornou-se flexível, mas não totalmente libertária.
O ano era 1982 e as bandas Blitz e Barão Vermelho lançaram aqueles que são considerados os primeiros discos de rock gravados por bandas surgidas naquela geração. Logo, o Brock nasceu por mãos destes dois grupos formados por jovens cariocas. O momento era favorável, em razão do surgimento das rádios FMs e das danceterias abrirem espaço para shows.
A primeira parte da década revelou nomes como Gang 90 & As Absurdetes, Os Paralamas do Sucesso, Kid Abelha & os Abóboras Selvagens, Magazine, Lulu Santos, entre outros.
Após a primeira edição do Rock In Rio, em 1985, o rock definitivamente assumiu a preferência da galera estava na moda ser roqueiro. Logo, um sem-número de bandas começou a pipocar dos quatro cantos do país.
Da Bahia surgiu o grupo Camisa de Vênus, com letras debochadas e sonoridades influenciadas pelo blues Rock dos anos 60. Do Rio Grande Sul emerge os grupos TNT, Nenhum de Nós e Engenheiros do Hawaii. O Rio de Janeiro exportou Biquini Cavadão, RPM, Uns e Outros e Sempre Livre. A escola roqueira de São Paulo nos deu bandas como Ira!, Inocentes, Zero, Titãs, entre tantas várias outras. Por fim, as bandas Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude colocaram a cena brasiliense em evidência no cenário.
Algo no mínimo diferente aconteceu no cenário da música jovem brasileira durante os anos 80. Popularmente chamada de “década perdida”, aquela geração deixou como saldo uma amostra de que o músico jovem brasileiro pode caminhar em paralelo e se nivelar com as tendências internacionais, que inevitavelmente ditam as regras do universo do showbiz. É impossível deixar de traçar comparativos entre o BRock e as cenas roqueiras brasileiras subsequentes. Porém, é imprudente, quiçá insensato, julgar uma geração superior à outra. Cabe apenas ao gosto pessoal a condição de mapear o que é mais agradável aos ouvidos.
Maior público em um show de rock
Na noite de 31 de dezembro de 1994, o cantor Rod Stewart se apresentou diante de 3,5 milhões de pessoas, em um palco montado na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Com este feito, de acordo com o “Guinness Book”, Stewart é dono do maior público presente em um show de rock em todos os tempos.
A relação do roqueiro de cabelo esvoaçado, e voz rouca, com o público brasileiro sempre foi especial. Na primeira edição do Rock in Rio, em janeiro de 1985, com destreza de Ayrton Senna e carisma de Martin Luther King, Rod pilotou o espectadores e mostrou a segurança de um artista que se sente totalmente confortável ao tocar para plateias superiores a 100 mil pessoas.
Pioneirismo feminino
O posto de representante feminina pioneira na história do rock n’ roll pertence a Wanda Jackson, conhecida como a Primeira Dama do Rockabilly. Em meados dos anos 50, no auge de seus 20 anos, Wanda conseguiu se destacar na era de astros como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Carl Perkins.
Foi a partir da década de 1970 que surgiram as primeiras bandas de rock formadas apenas por mulheres. The Pleasure Seekers, de Suzi Quatro, Gold & The Gingerbreads e Fanny foram algumas das primeiras bandas de formadas comandadas por garotas roqueiras a assinarem com grandes gravadoras.
Começa a era dos shows internacionais no Brasil
Bill Haley & His Comets foi o primeiro artista a fazer um show de rock internacional no Brasil. A apresentação, no entanto, rolou em um evento particular da Rede Record. A banda desembarcou em 1958, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo (o aeroporto internacional de Guarulhos só foi inaugurado em 1985).
Mas foi o cantor Alice Cooper, de fato, o responsável por fazer o primeiro show internacional para o grande público brasileiro. A estreia dos grandes espetáculos em solo verde e amarelo aconteceu em São Paulo, no Anhembi, no dia 30 de abril de 1974. Mais de 100 mil pessoas foram ao delírio em um show que resultou em uma verdadeira baderna. Foi preciso que o astro ameaçasse não voltar ao país para conter a bagunça.
O disco de rock mais vendido do mundo
O recorde de álbum de rock mais vendido de todos tempos é do clássico “Back in Black”, lançado em 1980 pelo AC/DC. Diante de suas pouco mais de 20 milhões de cópias vendidas, de acordo com Associação da Indústria de Gravação da América (RIAA), o disco só fica atrás de “Thriller”, de Michael Jackson, na lista de álbuns mais vendidos em todo o mundo.
“Back in Black” inaugurou uma fase de transição na carreira do AC/DC, que precisou arrumar outro vocalista em razão da morte do carismático vocalista Bon Scott. Com este disco, naquele começo de década de 80, a banda australiana mostrava que estava viva e que faria o legado de Scott resistir ao teste do tempo.
Disco singular do rock brasileiro
A discografia do rock nacional possui um sem-número de títulos maravilhosos. A lista é infinita e poderíamos passar o ano todo escrevendo sobre tais pérolas. Porém, todavia, contudo, um álbum em especial merece ser celebrado.
Nos idos de 1977, depois de já ter sido censurado e recebido os títulos de “Rei das Domésticas” e “Rei da Zona”, o cantor Odair José lançou o álbum “O Filho de Maria e José”, que acabou sendo a primeira ópera-rock da música nacional.
Influenciado pelo livro “O Profeta”, do libanês Khalil Gibran, lançado em 1923, e por discos de gente do naipe de Joe Walsh, Humble Pie, Jeff Beck e Peter Frampton, Odair propôs um conjunto de músicas, ligadas entre si, que relata a trajetória de vida de um jovem pederasta – o filho de José e Maria, que após anos de solidão e rejeição social, assume a sua sexualidade e, aos 33 anos, encontra a felicidade.
O texto faria uma livre adaptação da história de Jesus Cristo para os dias atuais. O roqueiro, no entanto, afirma que o protagonista da história poderia ser o carnavalesco Clóvis Bornay. Como não poderia ser diferente, a Igreja não concordou com o tema do álbum e chegou ao ponto de alguns padres ameaçarem excomungar o cantor.
O disco foi extremamente rejeitado pelas rádios, crítica e público. Atualmente, em contrapartida, o LP é considerado um item de raridade e objeto de culto até para artistas eruditos e/ou intelectuais. Em virtude da criatividade em torno da obra “O Filho de Maria e José”, Odair recebeu o título de “Bob Dylan Brasileiro”.
Dinastia Nelson
Conhecida como única família a alcançar o primeiro lugar nas paradas musicais com três diferentes gerações, os Nelson formam uma verdadeira dinastia na história do rock and roll.
Os primeiros a alcançarem o sucesso na família foram Ozzie e Harriet Nelson, que estrelaram o seriado norte-americano “The Adventures of Ozzie and Harriet”, nos anos 50 e 60. A atração mostrava o cotidiano do casal, que constituíam uma família dentro e fora das telinhas.
Um dos personagens da série era Ricky Nelson, filho de Ozzie e Harriet, que mais tarde viria a se tornar um dos cantores e compositores mais populares dos primórdios do rock and roll. O termo “ídolo adolescente” foi usado pela primeira vez em 1958 para se referir a Ricky, que lançou sucessos como “Poor Little Fool” e “Garden Party” e emplacou mais de 50 hits na parada musical dos Estados Unidos, servindo de inspiração para muitos grandes nomes que o sucederam.
Algumas décadas depois, mais exatamente no início dos anos 90, foram os filhos de Ricky que conquistaram as rádios e as paradas musicais. A banda de rock Nelson, formada pelos gêmeos Gunnar e Matthew, chegou ao topo das paradas musicais no dia de lançamento de seu álbum de estreia, “After The Rain“, com a canção “(Can’t Live Without Your) Love and Affection“.
Festivais que marcaram a história do rock
O primeiro grande festival de rock do mundo foi o Monterey International Pop Music Festival, realizado entre os dias 16 e 18 de junho de 1967, na Califórnia. Hendrix, Janis Joplin, Who, Stones, Ravi Shankar foram alguns dos astros que se apresentaram na festa organizada pelos produtores Loud Adler e Alan Pariser, pelo músico John Philips (do The Mamas & The Papas) e pelo publicitário Derek Taylor.
O Monterey serviu de molde para aquele que é considerado o maior festival da história da música, o Woodstock Music & Art Fair. Mais de 30 atrações se apresentaram em uma fazenda na cidade de Bethel, no estado de Nova York, entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969. O marco do movimento hippie reuniu cerca de 450 mil pessoas, que celebraram a paz e a boa música, na época em que os Estados Unidos estavam mergulhados nos conflitos da Guerra do Vietnã.
Apesar de não ser em caráter oficial, a primeira edição do festival Hollywood Rock rolou ocorreu no Rio de Janeiro, no campo do Botafogo, em 1975. Sob a organização do multifacetado Nelson Motta, a festa agitou quatro sábados, e contou apenas com artistas nacionais. No line-up constaram nomes como Celly Campelo, Erasmo Carlos, Raul Seixas, O Peso, Vímana, Rita Lee & Tutti-Frutti e Os Mutantes. Estima-se que o evento tenha recebido cerca de 10 mil pessoas a cada dia. O festival voltou à grade de eventos no Brasil e teve sete edições entre os anos de 1988 e 1996.
Em 13 de julho de 1985 aconteceu o festival Live Aid, simultaneamente em Londres, na Inglaterra, e na Filadélfia, nos Estados Unidos. Uma verdadeira constelação de artistas se apresentou no evento que marcou a data que hoje celebramos como o Dia do Rock. No mesmo ano, aconteceu no Brasil a primeira edição do Rock in Rio, que definitivamente colocou o Brasil de vez na rota de grandes apresentações internacionais e marcou a geração roqueira dos anos 80 e a história do país.
Ao longo de quatro edições realizadas na cidade de São Paulo, durante a década de 1990, o festival Monsters Of Rock trouxe ao Brasil artistas como Ozzy Osbourne, Kiss, Megadeth, entre outros. Em 2013, após 15 anos de ausência, o festival voltará a acontecer em território brasileiro!
O calendário da história chega ao século XXI e o gênero rock and roll mantém-se entre os mais importantes do universo musical. Apesar de sempre se reciclar, o estilo não parece revelar tendência de deixar de existir.
Inúmeras mudanças, revoluções e evoluções aconteceram ao longo da trajetória do rock desde seu surgimento. O que não mudou, e tão pouco há indícios de que vá seguir outras tendências, é a maneira revolucionária, contestada e geniosa com a qual o rock and roll escreve a própria trajetória.
E não se esqueça de que o rock não está em crise… O rock é a crise!
Fonte: www.cifraclubnews.com.br
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