Lendas Caninas

Antes de começar a conviver com cães e o mundo cinófilo, sempre ouvia histórias estranhas sobre os cães. Uma das mais estranhas falava que uma determinada raça fora criada em laboratório e que o cérebro crescia mais que o crânio e o animal ficava louco e mordia tudo! Depois de começar o convívio com cães e criadores de raças percebi que tudo não passava de lendas criadas de muita imaginação humana. Muita informação é passada como verdade absoluta, mas não há nenhuma prova ou estudo que realmente a confirme.

Uma história amplamente divulgada é que a cadela deve ter ao menos uma cria, que faz bem, etc, etc. Entretanto isso geralmente apenas contribui para o problema de descontrole populacional dos cães e depreciação das raças. Sabe-se que a castração traz mais benefícios que um eventual parto, sem contar que, indiretamente, contribui para a redução da população canina abandonada.

O mesmo ocorre com os machos, pois alguns dizem que se ele não cruzar ao menos uma vez na vida pode até ficar louco!!! Um verdadeiro absurdo! Talvez o único a ficar louco seja o dono! Com os chows, algumas histórias são extremamente estranhas. Há uma que diz que se o chow for tosado ele pode morrer! Só se for de vergonha! Algumas lendas são mantidas, inclusive, por profissionais da área. Veterinários, adestradores, donos de pets,... são algumas pessoas que mesmo não possuindo uma fonte confiável, levam as lendas adiante.

Portanto, quando ouvires recomendações e histórias, procure fontes dignas de confiança, pois em muitos casos o "ouvir falar" é a melhor fonte de desinformação.

 

Chow-Chow

Os chineses têm uma lenda só para explicar a boca e língua azuis dos chow chows, eles dizem que, durante a criação do universo, quando Deus resolveu pintar o céu de azul, teria deixado cair algumas gotas de tinta no chão, então, um chow chow, que observava o trabalho lambeu as gotas e ficou com a boca azul.

 

Shih-tzu

É uma raça de cães originária da China. Bem como outras raças caninas, a origem deste animal possui uma lenda. De acordo com o que se conta, o shih-tzu seria o símbolo do amor entre uma princesa chinesa e um mongol. Sem esperança de se casarem, eles decidiram cruzar os representantes caninos de suas nações - o pequinês chinês e o lhasa apso tibetano - para representar o que havia de melhor entre as duas culturas e o amor entre aqueles dois povos. Nascia então o shih-tzu. Seu nome significa "cão leão" e seu nascimento perdeu-se em meio a antigas lendas, embora saiba-se que alguns exemplares foram dados de presente ao imperador da China em 1640. De acordo com historiadores, os shih-tzu viviam no palácio cercados de cuidados extremos e isolados de outras raças. Apenas três séculos mais tarde, começaram a fazer parte dos lares das ricas famílias chinesas e de algumas outras no Ocidente. Quase extinta durante a invasão japonesa em 1937, foi salva graças a criadores ingleses.

 

O cachorro de Michinaga

No Japão, existem várias lendas que contam façanhas de cachorros. E todas elas testemunham que ele é o melhor amigo do homem. A julgar pelas descrições das lendas, elas foram acontecendo ao longo do tempo, até chegar a grande quantidade que hoje existem. A lenda desta edição aconteceu na Era Heian (794~1192), envolvendo o ministro plenipotenciário Fujiwara-no-Michinaga (966~1027). Em 1022, Mizunoe Inudoshi (Ano do Cachorro de Água-Yin), Michinaga mandou construir, em Quioto, o Templo Hojoji, tendo ao redor o “Jardim da Terra Pura”. Contam os historiadores que ele gostou tanto do jardim, que deixava seu palácio para visitar o templo diariamente e sempre levava consigo seu fiel cachorrinho branco.

Certa ocasião, naquele mesmo ano, quando o carro de boi que levava Michinaga aproximou-se do templo, o cachorrinho correu na frente, parou na entrada e latiu tanto, que impediu a carruagem de continuar. Michinaga desceu da carruagem, ficou observando o comportamento do animal e concluiu, pela reação do cachorro, que havia algo de errado. Então, mandou um de seus criados chamar Abe-no-Seimei, o astrólogo e adivinho da Corte.

Não tardou muito, e Seimei chegou ao local. Michinaga queria saber o que o cachorrinho estava querendo dizer com seu estranho comportamento. Seimei andou para frente, mas o cachorro não tentou impedi-lo. Pediu, então, que um dos criados fosse em direção ao templo, mas, igualmente, o cachorro não esboçou reação. Quando Michinaga tentou andar para frente, o cachorro começou a latir e a impedir sua passagem. Então, Seimei concluiu:

– Em algum lugar desta estrada existe um feitiço enterrado. Essa mandinga foi elaborada com o objetivo de prejudicá-lo. Se Vossa Excelência pisar o local em que ela está enterrada poderá ser acometido por uma terrível doença. Ainda bem que seu cachorro farejou esse instrumento do mal.
– Sabe me dizer onde o feitiço está enterrado? – perguntou o regente Michinaga.
– Ali – disse Seimei, fazendo gesto mágico e atirando um guiso no ar.
O local onde o guiso caiu foi cavado pelos criados de Michinaga. Foram encontradas duas tigelas unidas pelas bocas e amarradas em cruz com um fitilho amarelado.
– Conheço esse tipo de magia, acho que é obra do mago Doman Ashiya, meu desafeto.

Abe-no-Seimei pegou um pedaço de papel e fez origami em forma de tsuru (garça grou). Sacudiu o tsuru no ar e disse palavras sagradas. A dobradura de garça transformou-se em garça de verdade e voou na direção sul. Seimei ordenou que dois fortes criados de Michinaga seguissem a garça para ver onde ela pousaria.

Pouco tempo depois, os dois criados voltaram trazendo um velho monge à força. O regente Fujiwara-no-Michinaga fez questão de interrogá-lo pessoalmente. Interrogado por tão ilustre figura, o monge confessou que Akimitsu, o ministro da esquerda, ordenou que ele fizesse um feitiço para impregnar o regente de praga.

Michinaga tirou o cargo de Akimitsu e o exilou na distante Harima. Dizem que Akimitsu maldisse o regente pelo resto de sua vida. E, ao falecer, teria se transformado em um fantasma vingativo que andava assombrando Michinaga.

O cachorrinho que salvou a vida de Michinaga foi tratado como nobre pela criadagem de seu senhor e viveu como um rei para o resto de sua vida.

 

O Cão Fiel

Em uma pequena cidade tinha um vendedor que fazia suas vendas de bicicleta. Ele era um homem solitário, não tinha família, tudo que ele tinha era a bicicleta e um cachorro vira lata como amigo. Em todos os lugares que esse homem ia levava o seu cachorro na garupa da bicicleta. Quando parava pedia para que o cachorro cuida-se da bicicleta para ele. Diversas vezes os conhecidos perguntavam se ele não tinha medo que roubassem a sua bicicleta, pois ele a deixava na rua e o homem respondia que o cachorro cuidava dela.

Os mais descrentes só para verificar se o cachorro era fiel tentavam por brincadeira levar a bicicleta, mas o cachorro fiel sempre atacava quem se aproximava. Certo dia ao atravessar a rodovia na bicicleta o homem foi atropelado e morreu. O cachorro sobreviveu, porem como ficou machucado foi levado por uma boa pessoa até o veterinário que cuidou dos seus ferimentos. Seu dono foi enterrado no cemitério. Quando o cachorro se recuperou foi adotado por uma família, porem após ele sumiu. Procuraram por toda a cidade e o encontraram no tumulo do seu dono uivando e chorando. O cachorro ficou no tumulo durante dois dias e duas noites, as pessoas ofereciam comida e água, mas o cachorro não aceitava, sua vida era chorar a perda do seu dono.

O povo comovido foi perguntar ao padre da cidade o que seria melhor fazer, o padre pensou e ordenou que o cachorro fosse sacrificado e enterrado ao lado de seu dono. Foi seguida a ordem do padre, o cachorro sacrificado e enterrado ao lado do seu dono. O mais estranho é que o cachorro não seguiu o velório e não tinha como saber onde estava o dono, e misteriosamente ele apareceu no cemitério em cima da sepultura do seu dono. Dizem que em algumas noites aparecem na rodovia a figura de um homem segurando seu cachorro no colo, e o cachorro esta sempre contente com o rabo abanando.

 

A lenda do cão Boxer seguindo os dados bíblicos

No começo da Criação, no Sexto dia, depois que o Céu e a terra haviam sido criados, Deus criou os animais de todas as variedades e para todas as finalidades possíveis para habitar a Terra.

E criou o homem para que reinasse sobre os animais. Mas, para que o homem não ficasse só entre os animais, Ele criou os cães, de diversos tipos, de modo que todo homem pudesse escolher seu companheiro predileto - pequeno ou grande - Alto ou baixo, marrom, preto, branco, malhado ou tigrado, com pêlo comprido ou curto.

E Deus viu que eles eram tão bons. Tão bons que Ele disse Vou fazer um cão superior, um que esteja acima de todos os outros, que possuirá a beleza, a força, a velocidade e a coragem sutilmente mescladas à lealdade, à nobreza, à vigilância e à amabilidade.

Então Ele pegou o barro mole e com ele moldou o cão ideal na forma do boxer, exceto pelo focinho, que como nos outros cães, era sensível e elegante, a suprema perfeição em matéria de focinho.

Quando o colocou para secar, Deus estava satisfeito e disse Este é de fato o cão perfeito.

Embora o boxer ainda não estivesse endurecido, já estava pronto em todos os outros aspectos e ouviu o que Deus dissera a seu respeito, enchendo-se de orgulho. Assim, enquanto seguia o seu caminho, disse aos outros cães:

"Eu sou o cão perfeito, porque ouvi isso de Deus. Olhem para mim e terão de admitir que sou melhor do que vocês."

Os cães pequenos concordaram no ato; os cães de tamanho médio, embora não totalmente convencidos, não estavam preparados para discutir o assunto; já os cães grandes ficaram decididamente irritados, pois não eram eles maiores e mais fortes do que o boxer?

E eles deixaram o fato bem claro, escarnecendo do boxer pelo seu tamanho, até que, irado, o boxer lançou-se sobre o maior de todos.

Contudo, ele havia se esquecido de que ainda não estava seco e seu magnífico focinho, a suprema perfeição dentre os focinhos, ficou amassado, sua cara lisa ficou toda enrugada e ele, ao dar-se conta do ocorrido, ficou muito preocupado.

E então, Deus, que tudo vira, sorriu e disse.

"Porque você é o Meu predileto, receberá como único castigo, aquele que você mesmo já se deu. Terá de usar para sempre essa cara, do jeito que você a fez ficar hoje."

 

A lenda do cão sentado

O "Cão Sentado" é uma formação rochosa de 111 metros de altura localizada no Parque do Cão Sentado, em  Nova Friburgo, na região serrana do estado do Rio de Janeiro.

Por trás desta imponente figura de pedra conta-se uma lenda um tanto quanto intrigante. Há muitos e muitos anos atrás, nas matas de Furnas do Catete, um curumim  encontrou um filhote  de cachorro  perdido na floresta. Compadecido daquela situação, não pensou duas vezes antes de recolher o indefeso animalzinho. Ambos cresceram amigos inseparáveis.

Os anos se passaram e um dia a sua tribo fora chamada para guerrear e seu amigo, agora homem feito, teve de partir. Daquele dia em diante o cachorro nunca mais foi o mesmo, vivia deitado, triste, com o olhar no infinito, não comia e nem bebia: estava morrendo aos poucos.

Algum tempo depois  os guerreiros finalmente retornaram com a triste notícia  de que seu irmão índio havia morrido em luta.

Inconformado com a sina de seu dono, o cachorro reuniu todas as forças que lhe restavam, subiu no alto de uma montanha e uivou durante  dois dias e duas noites seguidas. Já sem forças quando o sol raiou, o  animal sentou no alto de uma montanha e deu seu último latido.

Foi a última homenagem ao seu amigo índio, sua despedida. De repente o sol sumiu e o dia escureceu.Deu-se no céu um clarão enorme seguido de  um forte estrondo semelhantes ao uma  tempestade. Toda tribo correu para ver o que tinha acontecido, amedrontados com o imenso relâmpago que tinha atingido a montanha.Ao chegarem no topo, encontraram um gigantesco cão transformado em pedra.

Com o tempo formou-se uma imensa floresta  ao seu redor, onde os índios a protegeram como um verdadeiro templo de amizade, amor e companheirismo.

Ainda hoje podemos ver o imenso cão sentado em pose de guarda no Parque do "Cão Sentado".

 

Lenda do cão da morte

Nas Terras Altas da Galícia, havia um conde que mantinha seus patrícios temerosos, com um cão treinado para matar. Era um cão daqueles que são chamados de Cães de Guerra ou Cães da Morte, usados em guerras para combates. Este cão era chamado de Demo (demônio em galego). Era um grande animal, mas não tanto como os que guardavam e protegiam os rebanhos dos povoados contra os lobos. Mas este cão foi treinado para matar pessoas na guerra. Dizia-se que ele matou muitos inimigos nas batalhas, mas agora o Conde utilizava-o para amedrontar e submeter seus vassalos.

Um dia, apareceu o Conde em um dos povoados das Terras Altas, e convocou seus habitantes no ponto de reunião do Concelho. Ameaçou-os, exigindo que pagassem mais impostos, mas como os moradores negaram-se, mandou preparar o cão. As pessoas fugiram em pânico e esconderam-se em suas casas. O Conde escolheu uma casa e ordenou a seus soldados que arrombassem a porta, soltando o cão para que entrasse. O feroz animal matou a todos que encontrou dentro da casa, inclusive as crianças. Aterrorizados com tamanha brutalidade, todos os demais apressaram-se em cumprir os desejos do infame Conde.

Entre os mortos estava uma bela jovem, prometida em casamento a um primo que vivia no mesmo lugarejo. Este rapaz estava tão desolado que recolheu todos os cães que guardavam os rebanhos, por serem os maiores. Mas o que fez foi por impulso, não pensou muito no que iria fazer e nem nas conseqüências. Treinou os cães como bem entendeu para que se defendessem uns aos outros e matassem a Demo. Foi em vão, Demo matou a todos. Os moradores locais voltaram-se contra o jovem porque deixou todos os rebanhos sem cães que os defendessem dos lobos.

O Conde ao saber do ocorrido mandou prendê-lo, mas o jovem conseguiu fugir a tempo por Verin até terras de Portugal, onde inclusive esteve lutando contra os mouros. Durante este tempo, aprendeu com um judeu as artes para adestrar os cães usados na guerra, e com este saber regressou às Terras Altas com sede de vingança. Não avisou a ninguém de sua chegada, exceto sua mãe. Graças a sua mãe encontrou uma cadela grande no cio, e com ela foi até a fortaleza do Conde.

Em uma noite escura, o rapaz preparou uma emboscada, amarrando a cadela no cio de forma a que o vento levasse o odor até onde estava Demo. Quando Demo sentiu o odor da cadela no cio, ficou enlouquecido. O criado do Conde que cuidava do cão, tirou-o de seu canil, e saiu com ele para ver o que lhe causava tanta perturbação. Quando chegou próximo à cadela percebeu o que estava acontecendo e soltou-o. Demo foi de encontro à cadela e, neste momento, o rapaz aproveitou-se e matou o criado que conduzira Demo até ali. Demo estava entretido, atendendo ao chamado da Natureza, e o rapaz preparou-se. Já tinha previamente lavado-se minuciosamente, e untou o corpo com um óleo que dera-lhe o judeu para disfarçar seu próprio odor. Vestiu-se com as surradas roupas do criado assassinado, assim o cão não o reconheceria nem pela vista e principalmente pelo olfato. Antes que Demo terminasse com a cadela, atou-o novamente.

Voltou o rapaz com Demo para o canil. Colocou-lhe a armadura de couro com placas de ferro, que se coloca aos cães de guerra antes de entrarem em combate, que também servia de proteção contra as flechas e espadas inimigas. Esperou até que todos na fortaleza adormecessem e, depois de passar pelos guardas sem problemas, foi até a torre onde o Conde e sua família dormiam. Quando encontrou-se na torre atiçou e soltou a Demo. Imediatamente ouviu-se os gritos de pavor do Conde pedindo ajuda a seus guardas. Mas o rapaz havia trancado a sólida porta por dentro, para que ninguém pudesse entrar. Todos os membros da família do Conde morreram, inclusive um dos filhos que se jogou de uma janela para não ser devorado pela fera. Enquanto o cão completava sua incrível e cruel chacina, o rapaz ateava fogo à torre. Quando enfim os soldados do Conde conseguiram arrombar a sólida porta e entrar nos aposentos, o cão de novo atiçado pelo rapaz atacou-os também, e o rapaz aproveitou a confusão para escapulir em meio ao banho de sangue gerado pela fera, até que conseguiram matar a Demo.

Sob a luz do incêndio da torre conseguiu o rapaz escapar, e a partir de uma montanha próxima pos-se a dar brados de vitória aos quatro ventos.

 

O Cão Real do Paí­s de Gales

Uma das vilas mais bonitas do Paí­s de Gales é Beddgelert, que fica na junção de três vales, no condado de Gwynedd.

Milhares de visitantes de todas as partes do mundo vão para lá todos os anos, mas não é devido aos jardins ornamentais ou pelas atraentes lojas de souvenir. Há uma razão especial para esta vila ser tão popular e tem tudo a ver com um incrí­vel cão real.

O cão, Gelert, é uma das maiores lendas do Paí­s de Gales e sua estória aquece o coração dos amantes de animais. O nome da vila, Beddgelert, está fortemente ligada a esta estória romântica e se traduz literalmente como "o túmulo de Gelert"- o nome do leal cão do príncipe Llywelyn, que reinou esta parte do Paí­s de Gales muitos séculos atrás.

Gelert nasceu no castelo do rei John da Inglaterra, que reinou entre 1199 e 1216, e quando a filha do rei se casou com o prí­ncipe Llywelyn, o filhote foi dado a eles como presente de casamento. Gelert cresceu e se tornou um cão de caça corajoso e conhecido por sua lealdade. Com o passar do tempo, Llywelyn ficou cada vez mais apegado ao cão e Gelert era sempre visto ao seu lado. Em um curto perí­odo de tempo Gelert foi nomeado líder da matilha de cães do prí­ncipe, pois não havia outro que tivesse a sua persistência e força.

Cerca de um ano mais tarde, a esposa do prí­ncipe deu a luz a um lindo garoto. Gelert se encantou com o bebê e ficava noite e dia ao lado do berço. Ele recusou-se a ir caçar com o prí­ncipe um dia e parecia preferir ficar guardando o bebê enquanto ele dormia no berço. Embora Llywelyn sentisse muito a falta do animal, entendia que o cão precisava proteger a famí­lia e por isso não forçou Gelert a acompanhá-lo. Llywelyn sabia que no final do dia Gelert sempre estaria esperando no portão do castelo pelo retorno do seu senhor.

Um dia Llywelyn voltou para casa e encontrou seu fiel cão no portão. Ao se aproximar, ficou horrorizado em ver sangue no focinho e corpo de Gelert. O prí­ncipe correu para dentro do castelo e para o quarto de seu filho. Não havia sinal do bebê, mas o berço estava virado e as cobertas da criança estavam caí­das no chão, encharcadas de sangue.

O prí­ncipe ficou com o coração partido e concluiu precipitadamente que Gelert, com ciúmes, matara o bebê enquanto estava caçando. Em um ataque de raiva, Llywelyn sacou sua espada e matou Gelert. Mas quando Llywelyn caiu de joelhos chorando, seus gritos foram respondidos pelo choro do bebê.

Llywelyn endireitou o berço e encontrou seu filho embaixo dele. O bebê não tinha sofrido mal algum e estava dormindo tranquilamente dentro do emaranhado de cobertas no chão. Enquanto o príncipe colocava seu filho no berço pode ver a cauda de um animal embaixo de um dos cobertores. Lá estava o corpo de um grande lobo que havia sido morto por Gelert enquanto tentava atacar o bebê dentro do berço.

A estória conta os remorsos do prí­ncipe. Tentando mostrar ao mundo o quão orgulhoso era de seu leal Gelert, enterrou o cão nos arredores do castelo e deu-lhe um enterro digno de um rei. É dito que o prí­ncipe e seu filho visitavam o local frequentemente e que ordenou que o local fosse conhecido como Beddgelert, em memória a seu amado cão.

Embora pareça uma estória triste, a lenda do corajoso Gelert tem lugar nos corações de gerações de amantes de cães ao redor do mundo. Ela continua sendo uma maravilhosa estória que toca os corações das milhares de pessoas que visitam o local. E a lealdade de Gelert, o verdadeiro cão real do País de Gales, vive nos corações de muitos.

 

Hainu "O Cão valente"

Este cão alado é tão querido  na cidade de Chikugo da província de Fukuoka, que erigiram diversos monumentos em sua homenagem. O próprio cão é supostamente enterrado debaixo de um monumento de pedra, perto da estação ferroviária chamada Hainutsuka. Duas versões conflitam sua origem. De acordo com a primeira versão registrada no Chikugo Kokorogashi em 1777. O cão alado era uma criatura feroz que atacava humanos e animais.

1°versão - Toyotomi Hideyoshi Foi um General Daimyō da era Sengoku que unificou o Japão. Quando ele embarcou em sua campanha para Kyushu em 1587 com seu exército, buscando conquistar a ilha de Chikugo, não imaginava que a maior resistência que encontraria, seria a de um cão.

O cão era o valente Hainu que relutava em não se entregar, investia bravamente contra aquele exército gigante. Os soldados tentavam em vão afugentá-lo. Hainu rosnava e dava saltos incríveis. Sua agilidade, valentia e resistência eram tamanhas que, mesmo sozinho conseguiu reter um contingente de treinados guerreiros por quase um dia inteiro.

Hideyoshi fez de tudo para não matá-lo, estava estarrecido e admirado por nunca ter visto algo parecido. Aquele cão era a criatura mais valente que conhecera em toda sua vida. Infelizmente, ele teve de cumprir com sua obrigação de General e de contra vontade, se viu obrigado a matar o bravo Hainu.

Hideyoshi ficou tão tomado de comiseração por sua morte, que resolveu erigir um memorial em homenagem ao animal.

2°versão - Já na segunda versão, conta que o cão foi um amado animal de estimação de Hideyoshi, que morreu no local onde o monte está agora. Dizem que após Hainu ter sido capturado, Hideyoshi conseguiu conquistar a amizade do valente cão e o adotou como seu fiel animal de estimação. Contam que onde Hideyoshi ia, Hainu estava sempre ao seu lado.

O cão alado do folclore da cidade de Chikugo, está registrado nos relatos que Hideyoshi mandou para seus superiores após a conquista da Ilha de Chikugo. Esse registro prova que a lenda de Hainu não é em sua totalidade uma "Lenda". Somente as asas se tornaram lenda e as duas versões se contradizem apenas por sua morte.

Existe uma evidência histórica para esta última versão, tanto que hoje em dia, turistas visitam seus memoriais, (existem diversos memoriais de Hainu na na cidade de Chikugo). Os Turistas caminham até a montanha para conhecer o local onde o valente e estimado cão diz-se estar enterrado.

 

Cães negros

Cães Negros fazem parte do folclore da Inglaterra onde são conhecidos por Barghest que aparecem para anunciar a morte, e são descritos como "cães negros, enormes, com grandes olhos vermelhos e incandescentes, que têm a estranha capacidade de desaparecer em um estalar de dedos". São seres sobrenaturais que costumam ser vistos em encruzilhadas, e são geralmente ligados ao inferno. Entretanto, não é só na Inglaterra, que essa lenda persiste, e sim, em todo lugar não só como “cães negros”, e sim, como “Lobisomens” - que faz parte da categoria canina. Homens que viram lobos (cães), em noite de lua cheia.

Voltando ao assunto. “Cães Negros”, eles são relatados em vários cantos do mundo, como na África do Sul, em 1963: dois homens viram um animal parecido com um cachorro cruzar a frente do carro. Instantes depois surgiu um OVNI. Outro caso de encontro com esses seres misteriosos foi contado por Theodore Ebert, de Pottsville, na Pensilvânia, na década de 50 ele afirma que:

“Certa noite quando eu ainda era garoto, caminhava com alguns amigos pela estrada Seven Star e um grande cão negro apareceu do nada e ficou entre mim e um amigo. Quando fui acariciá-lo, ele desapareceu. Desapareceu em um estalar de dedos”.

Em outros casos eles nem sempre são vistos como seres do mal. Na Grã-Bretanha, suas lendas contam que os cães negros apareciam às pessoas nas estradas para conduzir as mesmas, como um espírito protetor; Já na Inglaterra, ele surgia para ameaçar as pessoas ou somente para passar um prenúncio de morte.

Em muitas culturas eles são vistos como guardiões dos portões universais, o que não é estranho já que ele protege os portões de sua casa. Em um exemplo, na Mitologia Grega, Cérbero ou Cerberus era um monstruoso cão de múltiplas cabeças e cobras ao redor do pescoço que guardava o portão do inferno, no reino subterrâneo de Hades, deixando as almas entrarem, mas jamais saírem e despedaçando os mortais que por lá se aventurassem; Na “Divina Comedia”, Cérbero aparece no inferno dos gulosos, onde ele come as almas gulosas por toda eternidade com seu apetite descontrolado.

Antigamente associavam o cão a uma das formas do coisa-ruim. Na cultura popular é mais comum ouvir isso do que se imagina. O grande cantor e guitarrista de blues Robert Johnson tinha seu talento atribuído a um pacto feito com um homem vestido de preto (o demônio) que conheceu em uma encruzilhada, fato que ele conta em um de seus blues mais famosos, "Cross Road Blues", que talvez, por conseqüência deste ato o levou a escrever uma outra musica sinistra, que diz:

I’ve got to keep moving’...Ther’s a Hellhound on my trail.”

Traduzindo: “Tenho que prosseguir... Há um cão do inferno atrás de mim”.

Um dos relatos mais antigos sobre a aparição de um destes seres é contado no Annales Franorum Regnum de 856 dC. Neste manuscrito é relatado como uma repentina escuridão envolveu uma igreja durante uma missa e como um grande e misterioso cão negro que soltava faísca pelos olhos apareceu e se pôs a inspecionar o recinto, como se procurasse por alguém ou alguma coisa, até que, de modo súbito, desapareceu.

Outro caso que estranhamente se passou também em uma igreja, aconteceu em 4 de agosto de 1577, em Bongay, a cerca de Norwich, Inglaterra. O manuscrito conta que durante uma tempestade um cão negro entrou na igreja e disparou correndo no corredor. O sombrio animal foi responsável pela morte de dois cidadãos que se encontravam no local e ainda queimou um terceiro. Seriam eles "caçados" como o cantor de blues? Assim como todas as coisas sobrenaturais, não se sabe ao certo. Mesmo assim as aparições são evidentes.

Em Devorich na Inglaterra, numa noite de 1984 um homem em Devonshire, conta o que avistou:

“Uma maldita coisa preta e enorme... freei bruscamente e ela, à luz dos faróis, diminuiu o passo e andou na direção do carro. Aqueles seus olhos, eu os vi claro feito o dia, eram verdes e vidrados; ela olhou bem na linha do capô, pois era daquela altura, e foi embora!... Como uma luz que se apaga. Não a vi mais. Não é real como um cachorro comum. Senti meus cabelos se eriçarem na nuca”.

Com tudo, não se sabe ao certo o por quê de suas aparições. Na maioria das vezes eles aparecem para procurar algo ou alguém. Caçadores ou guardiões? Talvez os dois. Seja o que for, rezem para não o encontrarem, porque as consequências podem ser graves.

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