Árvore - Urucuzeiro

O Urucuzeiro ou Urucueiro é uma arvoreta da família das bixáceas, nativa na América tropical, que chega a atingir altura de até seis metros. Apresenta grandes folhas de cor verde-claro e flores rosadas com muitos estames.

Seus frutos, chamados de Urucu ou Urucum, são cápsulas armadas por espinhos maleáveis, que se tornam vermelhas quando ficam maduras. Então se abrem e revelam pequenas sementes dispostas em série, de trinta a cinquenta por fruto, envoltas em arilo também vermelho.

O urucuzeiro é um arbusto que pode alcançar de 2 a 9 m de altura. É planta ornamental, pela beleza e colorido de suas flores e utilíssima como fornecedora de sementes condimentares, estomáticas, laxativas, cardiotônico, hipotensor expectorante e antibiótico, agindo como anti-inflamatório para as contusões e feridas, apresentando, ainda, emprego interno na cura das bronquites e externo nas queimaduras.

Dela se extrai também o óleo industrial. A infusão das folhas tem ação contra as bronquites, faringite e inflamação dos olhos. A polpa que envolve a semente é reputada refrigerante e febrífuga, obtendo-se valiosas matérias tintoriais amarela (orelina) e vermelha (bixina), esta última, constituindo um princípio cristalizável (Corrêa, 1978).

A fenologia do urucuzeiro durante o ciclo vegetativo é, excepcionalmente, caracterizada por ser uma planta que floresce, frutifica e matura durante praticamente, todo o ano. Na Paraíba, em condições normais de clima, a primeira floração é mais intensa entre os meses de fevereiro/março, cuja colheita principal ocorre de junho/julho.

 

Floração

Frutificação

   

Maturação

Maturação plena

A segunda floração ocorre nos meses de julho/agosto com colheita em novembro/dezembro, sendo ambas as colheitas executadas de modo rudimentar, mediante a quebra dos cachos (panículas) não havendo, portanto, o emprego da tesoura de poda.

No Nordeste brasileiro, a abertura das flores ocorre primeiro na parte superior da inflorescência e, posteriormente, na porção inferior. O tempo observado desde a abertura da flor à maturação dos grãos ocorre entre 100 e 140 dias, dependendo da precocidade da cultura.

 

As Folhas do Urucuzeiro

Alternadas, completas, com longos pecíolos, cordiformes, acuminadas, dispostas alternadamente em relação aos ramos, glabras (quando adultas), medindo de 8 a 20 cm de comprimento e 4 a 15 cm de largura (Batista et al., 1988) e (Morais et al., 1999).

Limbo ligeiramente ovalado, nervura central típica e nervura secundária ascendente, sendo quatro a partir da base do limbo, duas de cada lado da nervura central, pouco pubescentes quando novas; discolores com a página inferior de coloração mais clara; apresentando estípula terminal triangular com pubescência semelhante à dos terminais dos galhos e de caducidade precoce, de 3 a 5 mm de comprimento.

 

As Flores do Urucuzeiro

De cor rosa claro e apresentam um ovário contendo uma série de óvulos em seu interior. São hermafroditas com cinco sépalas, surgindo nas extremidades dos ramos, formando fascículos onde nascem cápsulas ovóides com dois carpelos cobertos de espinhos flexíveis, com cinco pétalas orbiculares, glandulosas na base, decíduas, obovais, inteiras.

Os estames são numerosos e as anteras ovais, pistilo simples e alongado. Cada inflorescência é composta por um número variável de flores.

 

Os Frutos do Urucuzeiro

Tipo cápsula ou cachopa, ovóide ou globosa, com 2 a 3 carpelos que variam de 3-4 cm de comprimento e 3-4,5 cm de diâmetro, na qual encontram-se sementes de 5 a 6 mm de comprimento. Externamente, são revestidos por espinhos inofensivos e possuem coloração variável entre o verde, vermelho-pálido e roxo. No seu interior, são encontradas, em média, 40 sementes.

 

As Sementes do Urucuzeiro

Grosseiramente arredondadas, revestidas por uma polpa mole de coloração avermelhada, as quais tornam-se secas, duras e de coloração escura com o amadurecimento. Apresentam comprimento e diâmetro médios de 0,55 e 0,4 cm, respectivamente. A bixina é o pigmento presente em maior concentração nas sementes, representando mais de 80% dos carotenóides totais, sendo lipossolúveis e sujeitos à extração com alguns solventes orgânicos.

Esta extração está limitada pela utilização de um solvente que seja compatível com o emprego do produto final. Quando da utilização de soluções alcalinas para a extração de pigmentos, transforma a bixina em norbixato, que nessa forma é solúvel em água e pode ser comercializado em forma de pó ou através da secagem do extrato alcalino obtido. O conteúdo de bixina na semente está relacionado diretamente com as condições ambientais e genéticas, podendo variar entre 1,0 a 6,0 %.

 

Nomes Populares e Noutras Línguas

Em cultura SÓLIDA lusófona, chama-se ainda açafroa e também colorau (forma imprópria, a designar especificamente o condimento, também o corante, preparados à base de sementes do urucu trituradas ao pó, puras e/ou misturadas a outras).

Noutras culturas, chama-se: orleansstrauch (alemão), achiote ou onoto (espanhol), rocou (francês) e achiote ou annatto (inglês). Sua disseminação em várias partes do mundo está relacionada com a procura do corante natural na utilização das industrias de medicamentos, cosméticos, têxtil (para colorir tecidos) e, principalmente, alimentos.

 

Você sabia?

"Urucu" e "urucum" originam-se do tupi transliterado uru'ku, que significa "vermelho", numa referência à cor de seus frutos e sementes.

 

Contexto Cultural e Histórico

O urucu é utilizado tradicionalmente pelos índios brasileiros (juntamente com o jenipapo, de coloração preta) e peruanos, como fonte de matéria prima para tinturas vermelhas, usadas para os mais diversos fins, entre eles, protetor da pele contra o sol e contra picadas de insetos; há também o simbolismo de agradecimento aos deuses pelas colheitas, pesca ou saúde do povo.

No Brasil, a tintura de urucu em pó é conhecida como colorau e usada na culinária para realçar a cor dos alimentos. Esta espécie vegetal ainda é cultivada por suas belas flores e frutos atrativos. Ao passar urucu na pele, ele penetra nos poros e, ao longo do tempo, a pele passa a ter uma tonalidade avermelhada constante e definitiva. Isso acontece pois os poros se entopem de urucu e não conseguem mais eliminá-lo.

Um produtivo nativo das América, que foi levado para Europa desde o século XVII, é mundialmente empregado como corante de diversos fins, principalmente na indústria alimentícia. Com o banimento do uso de corantes alimentícios artificiais na União Europeia, por prováveis efeitos cancerígenos, por exemplo a anilina, é intensamente importado da América tropical e África, além de quase não ter sabor.

Quanto à espécie, apesar de existir várias, a mais frequente em nosso meio é a Bixa orellana, em homenagem a Francisco Orellana, primeiro europeu a navegar o Amazonas (Cânova, 2000). Embora haja dúvidas quanto à denominação entre urucum e açafrão, já que ambas são fornecedoras de materiais corantes, a primeira pertence à família Bixaceae, produtora do corante natural bixina, enquanto a segunda, Zingiberaceae, usualmente, cultivada na Índia, Malásia e China, é produtora do corante natural conhecido por curcumina.

 

O Uso do Urucum na Culinária

Como condimento e também colorante, emprega-se sob a forma de pó obtido por trituração das sementes, usualmente misturadas a certo teor de outros grãos também triturados, devido ao arilo que envolve as sementes, que fornece matéria corante vermelha característica, como na casca dos queijos: leyden, queijo-do-reino e outros. É apreciado pela quase ausência de sabor e por não apresentar os efeitos prejudiciais dos corantes artificiais.

Na indústria de alimentos são utilizadas para dar cor em manteiga, margarina, maionese, molhos, mostarda, salsichas, sopa, sucos, sorvetes, produtos de panificação, macarrão e queijo, comumente chamado "do reino", procedente da Holanda.

 

O Uso do Urucum na Cosmética

Empregam-no os ameríndios tropicais no preparo de tinturas para pintar o corpo, com a finalidade de proteção contra o rigor do sol (confere proteção contra radiação ultravioleta). Também é bastante empregado na indústria da impressão e na tintura. Muitos aborígines serviam-se do corante, naturalmente obtido em mistura, para colorir os objetos de cerâmica e outros vasos de uso doméstico.

 

O Uso do Urucum na Medicina

Como medicamento fitoterápico, é dotado de inúmeras características e propriedades bioquímicas, que lhe dão aplicação em vasta gama de casos. Embora, sob o ponto de vista científico, ainda seja objeto de estudo com vista ao estabelecimento do rol de aplicações, consideram-se as folhas e as sementes do urucu como:

  • Dotadas de virtudes expectorantes em geral;
  • Úteis nas afecções diversas, principalmente do coração;
  • Eficazes na eliminação de manchas e verrugas (tintura das sementes aplicada sobre a pele elimina manchas brancas, verrugas, e rejuvenesce a pele);
  • Eficazes para alívio e redução da prisão de ventre, hemorroidas e hemorragias (chá das folhas).

A raiz contém um princípio digestivo; o pó resultante da trituração das sementes, passa por afrodisíaco; a infusão a frio dos renovos serve para lavar os olhos inflamados e a decocção das folhas é usada para combater os vômitos da gravidez.

 

Composição Química

As sementes do urucu contêm celulose (40 a 45%), açúcares (3,5 a 5,2%), óleo essencial (0,3% a 0,9%), óleo fixo (3%), pigmentos (4,5 a 5,5%), proteínas (13 a 16%), alfa e beta-carotenos e outros constituintes. Possuem, também, dois tipos de pigmentos: a bixina, de cor vermelha e solúvel em óleo e a orelhena, de cor amarela e solúvel em água.

Para informação nutricional, 100 g de semente de urucu contêm:

  • Cálcio: 7,00 mg
  • Ferro: 0,80 mg
  • Fósforo: 10,00 mg
  • Vitamina A: 15,00 µg
  • Vitamina B2: 0,05 mg
  • Vitamina B3: 0,03 mg
  • Vitamina C: 2,00 mg

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