Artes Marciais Filipinas

As Artes Marciais Filipinas engloba uma grande quantidade de técnicas de combate desenvolvidas pelos diversos povos e sociedades que habitaram, e que ainda habitam as Ilhas Filipinas, e que chegaram de maneira tradicional até os dias atuais.

O termo se popularizou através do livro The Filipino Martial Arts: As Taught by Dan Inosanto de Dan Inosanto, que além de especialista em artes marciais, também é a maior autoridade viva em jeet kune do, o sistema de artes marciais desenvolvido por Bruce Lee.

Em seu país natal, as Artes Marciais Filipinas são mais comumente chamadas de arnis, kali, escrima, entre diversas outras variações, dependendo da escola que a adota. A quantidade de nome pode parecer confusa em um primeiro momento, porém pode ser feito um paralelo simples com o kung fu, que é um termo recente e que também engloba diversas artes marciais de origem chinesa distintas.

 

Arnis Moderno

Sistema de artes marciais filipinas fundada pelo falecido Remy Pressas como um sistema de auto-defesa. Seu objetivo era criar um método de treinamento livre de lesões, bem como um sistema de auto-defesa eficaz, a fim de preservar os sistemas mais antigos de Arnis.

O termo Arni moderno foi usado pelo irmão mais jovem de Presas para descrever seu estilo de artes maciais filipinas ; desde 1999, Ernesto Presas chamou seu sistema de Kombatan. Ela é derivada principalmente do estilo tradicional da família Presas (facão) e do duelo de Balintawak Eskrima, com influências de outras artes marciais filipinas e japonesas.

Uma das características das artes marciais filipinas é o uso de armas desde o início do treinamento e no Arnis moderno não é exceção. A arma principal é a vara de vime, chamado de uma bengala ou baston (bastão), que varia em tamanho, mas possui geralmente cerca de 28 polegadas (71 cm) de comprimento.

Técnicas de vara simples e duplas são ensinados, com ênfase ao primeiro. Defesas desarmadas contra a vara e contra armas brancas (que a vara é por vezes tomada para representar) são uma parte do currículo. Diz-se que, originalmente, a cana era considerado sagrada pelos praticantes (Arnisadores), e, portanto, um praticante de arnis era esperado para bater sua bengala na mão ou no antebraço do seu parceiro de treino e não na cana deste último.

Isto tem a vantagem de ser o método preferido, em combate real, referido como "defanging a cobra", ou seja, fazendo com que o oponente derrube a arma de modo que ele seja menos uma ameaça. No entanto, é desencorajado para candidatos a praticantes que acharam este treinamento muito doloroso, induzindo a lesão.

O resultado foi que as artes marciais filipinas tornou-se em perigo de extinção, na maioria das áreas das Filipinas, artes marciais japonesas, como Karatê e Judô eram muito mais populares do que os sistemas indígenas.

A modernização de Remy Presas do método de treinamento foi destinado a ajudar a preservar as artes marciais filipinas. Ele ensinou o método de bater em cana durante a prática, o que atraiu mais os recém-chegados à arte e permitiu que a arte a ser ensinada nas Filipinas fosse como um sistema escolar.

"Defanging a cobra" continua a ser um princípio do Arnis Moderno, no entanto, e na aplicação prática, seria tipicamente atacar a mão ou o braço. A técnica pode ser utilizada com as mãos vazias, onde é conhecida como "a destruição do membro".

Além de suas influências filipinas, elementos de Judô , Karatê Shotokan , e Wally Jay 's Jujutsu aparecem no sistema.

 

Escrima

Se refere às artes marciais filipinas que têm ênfase no treino de luta com armas (principalmente bastão, espada e faca) e também ensinam habilidades de luta à mão vazia. Outros termos também comumente utilizados para se referir a esta arte são kali e arnis de mano.

Eskrima e arnis estão entre os muitos termos utilizados nas Filipinas para se referir a esta arte. O nome kali, apesar de ser bastante empregado nos Estados Unidos e na Europa, é raramente utilizado nas Filipinas, e em muitos casos é uma palavra desconhecida.

No entanto, devido à popularidade desse termo fora das Filipinas, e à influência de praticantes estrangeiros, o termo kali está cada vez mais sendo reconhecido e aceito nas Filipinas. O termo kalis, utilizado nas Filipinas, significa espada.

É comum o erro de achar que kalis e kali são sinônimos ou derivados (nota: o "s" ao final de uma palavra não é usado nas línguas e dialetos filipinos para indicar plural). Enfim, em qualquer que seja o caso, eskrima, arnis, arnis de mano, kali e FMA referenciam a uma mesma família de artes marciais filipinas baseadas em treino com armas.

Eskrimador ou kalista (como alguns praticantes costumam se referir a si mesmos) é o praticante de eskrima, enquanto arnisador é o termo utilizado para se referir a praticantes da variante arnis.

 

Técnicas

O ensino das técnicas básicas em FMA é tradicionalmente simplificado. Com um tempo limitado para ensinar, somente as técnicas que se provaram eficazes em batalha e que podiam ser ensinadas em massa sobreviveram ao tempo.

Isto permitiu que habitantes de vilas, que geralmente não eram soldados, se protegessem de outras vilas, bem como de invasores estrangeiros. A filosofia da simplicidade persiste até hoje, e é a base das artes marciais filipinas.

Devido a essa metodologia, as FMA são erroneamente consideradas artes de luta "simples". No entanto, esta simplicidade refere-se somente a sua sistemática, não a sua eficácia. Ao contrário, por trás dessas técnicas básicas, reside uma estrutura bastante complexa e refinada de técnicas, as quais leva-se anos para dominar completamente.

Praticantes dessas artes são notadamente reconhecidos por sua habilidade em lutar com armas ou desarmados intercaladamente. A maior parte dos sistemas de eskrima incluem lutas com uma grande variedade de armas, combates em pé (panantukan, pananjakman, suntukan, sikaran, tadyakan/tadiyakan), chaves e projeções (dumog), e quaisquer outras técnicas necessárias para complementar o treino de um guerreiro nos velhos tempos das lutas tribais.

Talvez, o único grande campo ao qual não foi dada a devida atenção, tanto no passado, quanto atualmente, seja o das lutas em cooperação. Existia um sistema filipino de primeiros socorros, cura e medicina herbal que era tradicionalmente ensinado paralelamente à eskrima, mas desapareceu com o passar dos anos.

 

Armas

Na maioria dos sistemas, técnicas armadas e desarmadas são desenvolvidas paralelamente, por meio de um sistema de treinamento projetado para desenvolver seus aspectos comuns. As variações mais comuns são a do bastão simples (solo baston), a de dois bastões (double baston), e a de espada/bastão e faca.

Alguns sistemas são conhecidos por se especializarem em outras armas, como o chicote e o cajado. De todas as armas citadas anteriormente, algumas delas possuem variações exclusivas para serem utilizadas na prática da eskrima, tais como a karambit, o barong e o canivete butterfly, um tipo de faca muito peculiar, que passou a ser característico da eskrima moderna.

O ratã, madeira derivada do bambu, muito facilmente encontrado nas Filipinas, é o material mais utilizado na fabricação de bastões e varas de treino. São resistentes e têm boa durabilidade, leves, e com boa resistência ao fogo.

São quebrados somente sob situações extremas, e não soltam lascas como outras madeiras, sendo assim ferramentas seguras de treino. Este aspecto também os tornam úteis na defesa contra lâminas. Kamagong (ironwood) é um material utilizado em menor escala, mas não para sparring, uma vez que é denso o suficiente para causar grandes danos aos praticantes.

Tradicionalmente, o sparring não inclui contato com o corpo. Para treinos com contato, recomenda-se o uso de equipamento de segurança, dado o grau de dano que um ataque com arma (bastão, cajado, etc) pode causar.

 

Sistemas

Existem mais de cem sistemas diferentes de eskrima, muitos dos quais remetem às origens de uma tribo ou região, e podem ser classificados em três grupos principais:

  • Os estilos da região norte das Filipinas
  • Os estilos da região sul das Filipinas
  • Os estilos da região central das Filipinas

No Brasil, os mais difundidos são:

  • Arnis maharlika - É ensinado desde 1976 pelo Punong Guro Herbert "Dada" Inocalla, que em conjunto com seu irmão Datu Shishir Inocalla, desenvolve um trabalho de resgate e utilização do arnis como terapia marcial filipina.
  • Kali silat ou sina-tirsia-wali - Criado pelo norte-americano Paul Greg Alland, primeiro ocidental a ganhar o Philippines World Escrima Tournament. O estilo foi trazido ao Brasil pelas mãos de Paulo Albuquerque, hoje o aluno mais graduado de Greg na América Latina, que a anos vem lutando pela sua disseminação, assim como das artes marciais malais em geral, no Brasil. Dentre as suas vitórias podemos assinalar a criação de torneios anuais de Kali, Escrima e Arnis no Rio de Janeiro, e a criação de uma Federação Brasileira de Kali reconhecida internacionalmente.

 

Curiosidade:

A eskrima também se tornou bastante utilizada no cinema e pode ser encontrada em filmes de Bruce Lee e Steven Seagal.

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